Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
“Eu sei que vou te amar” na voz de Gabriel Dominguez é diferente de todas as interpretações que já foram feitas sobre essa música. O cantor de Tango transforma a letra de Vinicius de Moraes quase numa sentença de morte. Se não for de morte, de infelicidade, de desventura, de martírio enquanto houver vida. Ouvi-la no Café Tortoni, em Buenos Aires, me fez voltar a minha tese: o amor tem conotações diferentes conforme a cultura.
Mais que isso, até creio que sentimos em maior ou menor intensidade de acordo com o ambiente cultural. Daí procurar não apenas pelo sentido de amar, mas pelas crenças que cercam a relação a dois e que falam sobre como sentir, a quem amar, os gestos, os cortejos e as desventuras. Enfim, reconstruir as narrativas que nos aprisionam em histórias de amor.
Amar para Vinicius de Moraes era quase uma fatalidade e tinha a leveza de quem admite uma situação da qual não pode fugir: “Eu sei que vou te amar por toda a minha vida eu vou te amar” e não há o que fazer a não ser conviver com a falta. Como há um tom de profecia nos versos do poeta, parece maturidade reconhecer os desencontros da vida como constantes inevitáveis.
O argentino prolonga as notas de Tom Jobim e a música se aproxima da ópera. Dessa forma, a ausência da amante condena o cantor de Tango a um martírio incurável e quase insuportável. É uma falta que jamais será preenchida e que se transforma num vício tal qual o cigarro ou a bebida. Há ainda outras diferenças: notou que no Tango, o amor é sempre platônico?
São essas estruturas narrativas sobre o amor, diferentes conforme a cultura e a época, que nos levam a repetir situações e a experimentar conflitos existenciais muito semelhantes aos dos nossos contemporâneos. Não fazemos escolhas novas a cada segundo de nossas vidas, na maioria das vezes nosso raciocínio faz uso de modelos mentais, experiências que se tornaram amplamente aceitas, e que nos dão segurança sobre as decisões tomadas. Por um lado, ganhamos em fazer uso da experiência dos outros, mas por outro, terminamos aprisionados em certos modelos de conduta.
Não é diferente no amor.
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Ola vc tem alguma reerencia dessa musica?
ResponderExcluirProcurei na internet e não a achei.
Seria bom que disponibilizasse um link onde possemos escuta-la
Abraço
Segue o link para a gravação, feita por celular, e postada no youtube
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=xzsUfQdRsYk&feature=related